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Maria Barroso   (1925-2015) 

Na morte da Doutora Maria Barroso, a PSIJUS associa-se à homenagem que lhe é devida.

 

Personalidade marcante da vida portuguesa, foi uma resistente de sempre, antifascista que nunca se vergou e a quem a censura e a polícia política tudo fizeram para silenciar, arredando-a dos palcos e do ensino.

 

Ao longo da vida, manteve-se uma Mulher de causas e de profundas convicções, nas dimensões social, cultural e de intervenção, em várias qualidades, desde a cívica e política à religiosa.

 

A PSIJUS fica a dever muito a esta primeira Associada Honorária e Presidente de Honra de todos os Congressos; desde Maio de 2000, quando tivemos o privilégio de a acolher, pela primeira vez, na Universidade Lusófona, numa sessão organizada pelos docentes e alunos de Psicologia Criminal, embrião da futura constituição desta Associação, a Doutora Maria Barroso passou a ser nossa convidada, quer em iniciativas da Faculdade de Psicologia quer em eventos promovidos pela PSIJUS. Ao longo de quinze anos, contámos sempre com a sua disponibilidade e com o carinho que imprimia a todas as intervenções, deixando palavras de estímulo, mas também de esperança, aos estudantes e aos psicólogos forenses - principalmente nos momentos mais difíceis. As gerações de alunos e os associados da PSIJUS escutavam-na interessadíssimos, absorvendo a mensagem de tolerância e de fraternidade que nos trazia em cada participação nos trabalhos.

 

Tivemos oportunidade, por duas vezes, de a ouvir declamar para os congressistas o hino da PSIJUS, o Cântico Negro, de José Régio.

 

A PSIJUS tem para com a Doutora Maria Barroso uma imensa gratidão. 

 

A título pessoal, quero sublinhar a amizade solidária que nos ligou durante muitos anos, num registo que era também de partilha de valores, princípios, ideias e, porventura, utopias. Estivemos juntos em atividades político-eleitorais, em diversos seminários organizados na Fundação Pro Dignitate, em tantas outras ocasiões em que nos encontrámos na rota pela defesa dos direitos humanos. Ainda em 16 de Junho, num colóquio promovido pelo Município de Odivelas, pela Universidade Lusófona e pela Associação, dedicado os problemas das crianças e dos jovens, naquele que foi o nosso derradeiro encontro, pudemos ouvir a mensagem de confiança no futuro e nas Pessoas. 

 

Pedi-lhe que apresentasse duas obras minhas: o primeiro romance que escrevi e um manual de Psicologia Forense; aceitou sem hesitações e produziu eloquentes discursos onde estava bem presente a bússola de afetos que sempre norteou a sua vida.

 

A PSIJUS e eu perdemos uma grande Amiga. Guardamos, no entanto, a imagem sorridente, a presença na primeira fila dos auditórios ou o lugar na mesa de honra, a ternura com que se nos dirigia e com que cativava jovens estudantes que se reviam nas suas palavras – em suma: o exemplo de solidariedade com que nos brindava em cada presença.

 

À Família da Doutora Maria Barroso expressamos o sentido de pesar por esta perda.

 

7.Julho.2015

 

A Direção da PSIJUS

 

Carlos Alberto Poiares

 

“Abafai meus gritos com mordaças/ maior será a minha ânsia de gritá-los/ amarrai meus pulsos com grilhões/ maior seria minha ânsia de quebrá-los/ Rasgai a minha carne/ triturai os meus ossos/ O meu sangue será a minha bandeira/ e meus ossos o cimento duma outra humanidade/ que aqui ninguém se entrega/ isto é vencer ou morrer…” 

Joaquim Namorado

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